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Marcos 8:31-38
Cristão Luterano :: Liturgias e Prédicas - COMENTÁRIOS BÍBLICOS :: Prédicas - alocuções - homilias para o Ano litúrgico
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Marcos 8:31-38
2º Domingo na Quaresma, 04.03.2012
Marcos 8:31-38, verfasst von Márcia Blasi
Estimada comunidade!
O dia amanhece calmo em Belém, na Palestina. As ruas estão quase vazias. Turistas, peregrinas e peregrinos ainda estão nos hotéis ou chegando de Jerusalém, que não fica longe. Aos poucos o sol aquece as ruas estreitas entre prédios e igrejas. A madrugada foi fria. Mas isso não impediu centenas de pessoas de levantarem cedo, algumas até às 3:00 da madrugada, e se dirigirem ao checkpoint, que é uma das portas de entrada em Jerusalém destinada à população palestina. Todos os dias, cerca de 2.000 pessoas passam pelos portões a caminho do trabalho. Uma viagem que poderia levar 30 minutos pode levar até 4 horas, dependendo do tamanho da fila e do funcionamento dos portões. Por causa disso, as pessoas chegam cedo, entre 3 e 4 horas da manhã.
Confinadas entre o alto muro que separa os dois países e as grades que parecem jaulas, as pessoas esperam na noite fria pela sua vez de passar pelos portões giratórios, pelo detector de metais, pela identificação. Todo dia é a mesma coisa. Todo dia. Tem sido assim desde que o governo de Israel construiu um alto muro para separar seu país da Palestina, o território ocupado. A vida na terra santa já não é tão pacífica, ou como dizem algumas pessoas em Belém, nunca foi.
Pessoas palestinas e israelenses se perguntam, "Até quando?" O sofrimento parece não ter fim. Para quem vem de longe, a situação na qual vive o povo palestino causa um choque.
A terra descrita na bíblia, a terra onde Abraão e Sara receberam a promessa de terem um filho e de serem pai e mãe de uma grande nação está em perigo. Extremismos religiosos no cristianismo, judaísmo, islamismo e interesses econômicos caminham de mãos dadas, impedindo que a paz com justiça seja uma realidade. A cada dia as pessoas se preparam para as coisas ruins que podem acontecer.
Jesus também tinha certeza que muitas coisas ruins iriam acontecer quando chegasse em Jerusalém. O sofrimento e a dor eram inevitáveis. Anunciar um mundo de justiça, acolher pessoas rejeitadas e oprimidas não era a proposta mais popular entre as autoridades na época, assim como hoje também não o é. Pedro, sempre querendo ser o "mais preocupado" repreendeu Jesus. Pedro não queria saber de sofrimento. Pedro queria glória e vitória, um Jesus forte e poderoso. Recebeu de Jesus as palavras mais duras que poderia imaginar: "Sai de perto de mim Satanás."
Depois de dirigir palavras tão duras a Pedro, Jesus chamou as pessoas que o acompanhavam e disse:
"Se alguém quiser ser meu seguidor ou minha seguidora, essa pessoa precisa renunciar a seus próprios interesses, pegar sua cruz e me seguir. Pois qualquer pessoa que quer salvar sua vida vai perdê-la, mas qualquer pessoa que perde sua vida por mim e pelo evangelho vai salvá-la".
As perguntas que nós fazemos hoje talvez sejam as mesmas que muita gente se fez naquele dia: o que isto significa? Será que Jesus está pregando o sofrimento como condição para a salvação? Será que o sofrimento é o caminho para a vida eterna? Será que devemos aceitar todo tipo de sofrimento aqui na terra? Será que é ir contra Jesus tentar salvar sua própria vida? Será que devemos arriscar a vida em nome do evangelho?
Essas palavras não são fácies de entender e durante séculos muitas interpretações diferentes foram oferecidas.
Lembro-me novamente das pessoas no portão, naquela manha fria em Belém, e me pergunto: o que elas diriam? Como elas interpretariam este texto? O que sei é que elas não estão felizes com a situação em que vivem e muito menos aceitam a ocupação de seu território de forma passiva. Muitas organizações inter-religiosas unem pessoas cristãs, muçulmanas e judaicas e juntas trabalham pela paz. Outra coisa que as une é o medo, a insegurança e a dor. A vida as une e sua fé também. Estas pessoas não justificam seu sofrimento como vontade de Deus, mas procuram em Deus força e coragem para seguir tendo esperança e construindo processos de paz e reconciliação de forma não violenta.
As palavras de Jesus continuam desafiando seus seguidores e suas seguidoras há quase dois mil anos. As palavras de Jesus vão muito além de um conformar-se com a situação, ou de um incentivo à vitimização e de esperar que outras pessoas nos libertem de nosso sofrimento. As palavras de Jesus nos desafiam a enfrentar com coragem os sofrimentos impostos por interesses econômicos, de poder, ganância, superioridade, supremacia, de gênero.
Jesus também nos desafia a não cair na teologia do sofrimento como caminho para a salvação e nem acatar uma teologia da prosperidade e da glória onde quem tem fé recebe tudo de Deus, recebe a vitória na terra e no céu. Ambas as teologias e interpretações não libertam o ser humano para participar da missão de Deus.
Em primeiro lugar, sofrimento não é condição para seguir Jesus. Sofrimento é conseqüência para quem segue os ensinamentos de amor, justiça, acolhida e paz. É impossível não sofrer com as dores do mundo. É impossível não sofrer com a dor de irmãs e irmãos. Sofrimento é a conseqüência de carregar sua cruz e ajudar a carregar a cruz de outras pessoas. Sofrimento é conseqüência da solidariedade.
Pegar a cruz é, antes de tudo, abrir o coração para ouvir o clamor de quem sofre; é reconhecer que somos pessoas limitadas e que há sofrimentos que podemos evitar. Da mesma forma há também aqueles sofrimentos que nos são impostos e aos quais devemos resistir.
Jesus foi morto por desafiar os poderes opressores da época. A sua morte injusta não foi em vão. A morte não teve a última palavra. Jesus ressuscitou e vive. Jesus continua nos mostrando o caminho, Jesus continua nos encorajando a não desanimar, Jesus continua nos revelando seu amor.
É quaresma. Tempo de relembrar o sofrimento de Jesus e seu caminho até a cruz. É tempo de reflexão. É tempo de nos perguntarmos de que lado nós estamos: no lado da justiça ou no lado dos confortos pessoais? Estamos preparadas para dar o melhor que possuímos, como a mulher que derramou o precioso perfume na cabeça de Jesus, ou oferecemos apenas as migalhas daquilo que sobra do nosso banquete?
Será que neste tempo de quaresma vamos ser realmente pessoas peregrinas, aprofundando a nossa fé, ou vamos ser apenas turistas com nossas maravilhosas máquinas fotográficas?
O que você e eu podemos fazer neste tempo de quaresma? Será que Deus espera que pessoalmente resolvamos o conflito entre israelenses e palestinos? Certamente não, mas podemos orar pela paz e apoiar projetos de construção da paz. Será então que reflexão pessoal é suficiente? Acredito que seja um bom começo, mas com certeza não é tudo. Descubra aí onde você mora uma maneira de se engajar no projeto de paz com justiça de Jesus. Isso é vago demais? Envolva-se com algum projeto social que visa à transformação daquilo que causa injustiças; deixe de consumir produtos de países que promovem a guerra; desligue a TV quando houver programas que desvalorizam as mulheres; assine abaixo-assinados; coloque um decalque pela paz no seu carro. Você acha que alguém pode não gostar ou você está preocupado/a com o que as outras pessoas vão dizer? Infelizmente carregar a cruz não é tarefa fácil e também não traz elogios, mesmo assim, não deixe para amanhã. Deus conta contigo hoje. Teus irmãos e tuas irmãs te esperam. Levante e vá.
Podemos ter a certeza de que não estaremos sós. Amém.
Pa. Márcia Blasi
Jerusalém
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